domingo, 24 de agosto de 2014

O carro.


Passa o carro pela madrugada,
A estrada vazia, desvairada poesia,
Pela janela o vulto sucessivo,
Ao volante um viajante pensativo...

Em sua mente a dor de uma traição,
Em seu peito um ferido coração,
Viaja ele sem destino,
Buscando deixar para traz as mágoas,
Mas estas o perseguem...

O carro percorrendo a estrada sem rumo,
As linhas desbotadas pintadas na pista,
No acostamento as incontáveis pegadas à vista,
Animais, homens e suas marcas...

As rodas girando... girando...
As lágrimas rolando... rolando...
O combustível terminando,
O automóvel parando, estacionando, estático.

E o homem?
E o Carro?
Ambos vazios, sem forças, sem rumo, parados...

Somente as primeiras luzes do sol cruzando a aurora
E em um último suspiro um homem,
Que fora tão feliz outrora...


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